Esta sou eu... quarentona...





Estou finalmente com 40 anos de vida. Sou grata por poder chegar até aqui.
Muita coisa boa aconteceu, especialmente nestes últimos 6 meses.
O certo é que não aprendi o suficiente com o sofrimento imposto pela doença, nem com as perdas das pessoas que eu amava, aliás, amo.  
Amor de pai e mãe não termina  apenas porque eles deixam de existir neste plano, porque acredito  que a morte é apenas uma passagem e que ambos vivem, ainda haverá um reencontro.

Há momentos na vida em que precisamos nos destruir para nos reconstruirmos. 
Eu vivo isso e sei que de outra forma não chegaria aqui.
Quer saber onde estou?
Abri minha mente, meu coração, deixei pra trás o autoengano, a autosabotagem, parei de culpar os outros pelos meus erros, aprendi a enxergar a realidade da vida, aumentei minha espiritualidade e descobri que para isso não preciso de religião alguma.
Espiritualidade é para quem quer viver bem...
Evito agir por impulso, não busco mais a tristeza dos pensamentos negativos que a obsessão me causava. Tenho gratidão sincera pela vida, consigo me aceitar e embora saiba que nunca serei perfeita, suprimo meus defeitos um pouco a cada dia. Não há um dia agora que eu não reflita sobre minhas atitudes. Posso até vacilar, mas ao invés de passar por cima e esperar que o tempo aja como remédio,  procuro aprender.
Evito repetir os mesmos erros. Dei adeus à insanidade.
Não me sinto sozinha como antes. Houve um tempo que mesmo entre a multidão eu me sentia só. Agora sinto a presença do Poder Superior. Sinto alegria por estar viva, ter saúde, um emprego, uma renda, uma casa confortável, alimento, o amor da minha filha, dos meus  familiares e amigos.
Não me prendo mais em pensar no que não tenho. 
Isso era uma faceta cruel da doença e faz parte do passado, destes mais de 20 anos que joguei no lixo.
Não troco a paz da solidão da minha casa pelo agito da bagunça de um bar.
No momento certo aparecerá a pessoa  que me completará, que virá somar. Não sou mais aquela menina carente que vai se jogando, agora só  se me convencer que vale à pena.
Não preciso de muletas pra caminhar, nem para me encostar... sou a senhora do meu destino.
Nunca me senti tão bonita, tão bem resolvida. 
Se eu não fosse capaz de ser feliz comigo mesma seria um enorme problema, mas eu sou, foi por mim que decidi parar o sofrimento, porque sei que não é justo destruir a maior dádiva que Deus me deu: a vida. Desde que nasci, fui separada do Marcos, mas tive os melhores pais do mundo, sempre foi assim... o melhor de tudo para mim.
Primeiro eu, segundo eu e terceiro eu!

Não tenho uma percepção materialista da vida, sinceramente, ter, ter, ter, tenho o suficiente para viver sem depender de ninguém... e sei que vai melhorar, eu trabalho para isso, tenho capacidade.
Busco ser a cada dia um pouco melhor do que o dia anterior. Nas crises percebo o quanto mudei, quando me vejo fazendo o movimento contrário diante das adversidades. Não é só porque estou limpa que as coisas vão dar 100% certas, o diferencial está na reação que tenho. Eu aumentava os problemas quando fugia da realidade e me entorpecia, agora enfrento e enxergo-os com toda clareza.
Aprendi a ignorar provocações, a não enxergar os invejosos, a desviar os pensamentos de quem me quer mal e luta pra me atingir com isso.
Não fico mais fazendo tempestades em copos d'água. O futuro não me pertence, vivo só por hoje.
Fui para Sumaré recentemente onde estive confraternizando e estudando os 12 passos. Lá, pude exercitar bastante a tolerância ao precisar me relacionar com estranhos tão diferentes de mim. 
A Roseane não gosta de aceitar aquilo que lhe desagrada, ela é implicante, chata, desconfiada.  São os defeitos de caráter que peço humildemente que o Poder Superior remova. Legal é que como vivo um programa  e sigo passos, mesmo quando eles gritam consigo fazer o movimento contrário.
A vida é muito curta pra gente desperdiça-la.  Olho pro céu, reflito e talvez se pudesse escolher jamais teria tomado aquele primeiro copo de cerveja, mas como a adicção é uma doença e não escolhemos tê-la, sou responsável apenas pela minha recuperação.
É bom olhar pra sua filha e vê-la crescendo profissionalmente,  saber que consegui que ela tivesse a mesma base educacional dentro de instituições particulares como eu tive, pois afinal de contas, o único legado que posso lhe deixar e que vale à pena é a educação. Bens materiais se vão, mas sua cultura jamais a deixará.

Não troco chegar aos 40 anos com nenhuma outra idade que se passou... é uma fase maravilhosa, a liberdade que tenho, as pessoas que venho conhecendo, a espiritualidade sempre ascendendo...  me amo a cada dia, aceito-me, respeito-me e sou feliz assim desta forma.
Tive coragem de mudar buscando a felicidade, sem me prender por coisas materiais, convenções sociais, simplesmente foco em ser muito feliz, porque minha doença não aceita só um pouco, uma sobrinha.
Pobre daquele que decide ser infeliz porque é covarde, não sabe o que é viver, nem a verdadeira essência de estar aqui... será eternamente o que diz o poeta Cazuza “uma semente com cara de abortada”... e vamos pedir piedade, senhor piedade...

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