Irmãos

Engraçada a vida, para não dizer trágica.
Quando nasci fui separada do meu irmão gêmeo.
Por alguma ironia do destino,eu conheci e tive apenas um irmão na vida.
Uma pessoa desequilibrada, perturbada, de má índole e mau-caráter.
Abandonou meu pai em seus últimos meses de vida.
Chegou a deixá-lo falando sozinho num posto de gasolina.
Não atendia seus telefonemas.
Em compensação, antes da missa de sétimo dia já tinha percorrido bancos como um rato atrás de migalhas.

Não me perguntou em nenhum instante como foram os últimos dias do meu pai, mas quis saber porque dois dias antes de falecer ele sacou 800 reais.
Ele é frio e calculista, além de ser perigoso.

Hoje infelizmente tivemos que estar juntos para pagarmos o causa mortis do inventário, além de me ofender, foi extremamente agressivo com um senhor de mais de 70 anos que está envolvido também, pois foi seu filho que comprou nossa antiga casa.

Aquela cena dele interpelando o seu Antônio, falando alto, ameaçando lembrou exatamente o assédio que ele fazia em cima de minha pobre mãe.
A vida de ambos só não foi perfeita por causa desta criatura malévola.
Aliás, minha família só não foi perfeita por isso.

Eu acredito que o erro começou quando fui separada do meu irmão Marcos.
A partir daí, por algum motivo do destino que nunca saberemos, eis que esta criatura podre veio ocupar o espaço que deveria ser de um irmão.
Não culpo ninguém, só Deus sabe e deve ter tido motivos pra fazer isso.

Jamais me indignei com os percalços do meu destino.
Nem quando me vi com câncer.

Hoje não tenho um irmão, mas um sócio-herdeiro.

Ao mesmo tempo a vida apresenta-me várias pessoas que me chamam de irmã, tia, pois tem o mesmo sangue que eu correndo nas veias.

Só que nada é simples assim. Tenho quase 40 anos e de uma hora pra outra não vou conseguir me aproximar de estranhos e amá-los como irmãos de sangue.
Tudo tem seu tempo.
Foi por isso que fugi há alguns anos atrás.
Sinto-me sufocada com as pessoas tão ansiosas em me amar e se aproximar de mim.
Assustei-me quando a dona Maria queria simplesmente que eu fosse viver com ela.
Hã?!
Acho que todos são pessoas simples de coração puro, uma família unida, grande, como sempre quis ter. Talvez pra eles seja bem mais fácil do que pra mim. E é.

Com o passar dos anos, com estes últimos acontecimentos, tornei-me uma pessoa mais fechada, mais voltada pra minha família (Jéssica e Hélio).
Fico um pouco assustada com esta facilidade das pessoas demonstrarem que me amam... não consigo amar pessoas que não conheço.


Tudo tem seu tempo.

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