Difícil a vida.

Não quero mais brincar de ser adulto.
Não quero ser responsável pela minha vida, pela vida das pessoas que moram comigo, pela vida da minha cadela, pelo andamento da rotina da casa.
Não quero receber tantas contas em meu nome.
Nem ficar sem dormir por não ter como pagá-las.

Quero voltar a ser criança, quando a minha única e exclusiva preocupação era com meus estudos, com a arrumação do meu quarto e com a conta da confeitaria que não podia ficar muito alta, senão meu pai brigava comigo.

Sinto-me como se existissem dois EUS dentro de mim.

Um deles tem certeza que tudo irá melhorar.
Sente-se feliz da vida porque sabe que tem o amor da sua filha pra contar, do seu marido e um número razoável de amigos em quem pode confiar.
Este lado otimista acredita que em breve os problemas financeiros serão resolvidos e com isso as nuvens negras, a insonia, a angústia irão se dissipar.
É uma questão de tempo, de fé.
Agradeço à Deus porque tenho um teto pra morar, saúde, minha família e paz.

Uma voz dentro de mim diz que Deus sempre foi legal comigo, não vai faltar neste momento.
É só uma fase difícil e triste.

Triste sim, pois adaptar-se a viver sem ter meus pais é triste.
As coisas acontecem e não tenho pra onde correr.
Lembro de quantas vezes tinham razão quando me diziam pra tomar cuidado, ter mais juízo e eu não os levava à sério.

Nesta hora o meu EU da culpa, do remorso e do arrependimento tomam conta de mim.
Ah se eu tivesse feito diferente... mas não fiz.
Tive todas as oportunidades e não aproveitei.
Não sei o que acontece comigo, sou uma estranha.
Penso que as coisas estão ficando cada vez mais ruins.
Quando a falta de dinheiro bate à nossa porta é difícil reagir.

Nesta horas tento me consolar, procuro afastar os maus pensamentos da cabeça.
Penso no que tenho de bom ainda: minha filha e meu marido.
Além da minha cadela, um anjo em minha vida que eu amo muito.
Também tenho saúde.
Só do câncer não voltar já é um consolo, um motivo pra entender que estou viva e ainda tenho muito o que fazer aqui.

Confesso que um dos meus maiores defeitos é a preguiça.
Queria poder ficar em casa sem fazer nada, só cuidando da minha aparência e dando ordens às empregadas.
Tem gente que mesmo com dinheiro sobrando não consegue ficar sem fazer nada.
Eu não.
Ficaria numa boa em casa, lendo livros, assistindo tv, navegando na net.

Só que por enquanto não dá.

Tenho que lutar.
Tenho como objetivo principal me estabilizar financeiramente e emocionalmente.
Quero adotar uma criança.
Quer engravidar de novo.
Preciso muito encontrar meu caminho.

Estou perdida neste momento.

Perdida e só.

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