Mãe...



Lembro muito bem do gosto de determinadas refeições preparadas pela minha mãe. O arroz de Braga (carne moída e couve), o frango ensopado, a carne moída com milho, entre tantos outros pratos super simples que ela fazia sempre. Quando era pequena, não tinha muito apetite, mas bastava ela dizer que tinha preparado com tanto amor para imediatamente eu raspar o prato. Caso contrário, morria de remorso...

A mãe era incrível. Como todas as irmãs Lopes, sabia muito bem apelar pro nosso sentimentalismo.
Sinto uma falta gigante dela, um vazio, uma dor imensurável.
Nunca mais me sentirei completa, feliz por inteiro.
Todos os dias ela ligava para saber como eu estava. Preocupava-se de verdade comigo e com minha filha.
Uma pena que as pessoas morram. Minha mãe e meu pai poderiam ter ficado pra semente.

Não gosto de ficar triste, nem mostrando minha saudade, minha orfandade, mas não consigo. Sou transparente.
Nunca me vi tão só nesta vida.
Meus pais eram minha base, meu alicerce.
Penso que só quando minha família puder crescer novamente sentirei uma nova alegria, uma velha esperança.

Tenho inveja das famílias completas. Tenho mesmo.
Por mais que a gente se desentenda às vezes com nossos pais, eles tem lugar cativo em nossos corações.

Perdi a vontade de passar na locadora todos os finais de semana pra pegar um filme. Muitos que vejo sei que meu pai gostaria.

Perdi a vontade de fazer bolos e sobremesas, pois sinto falta da aprovação de ambos... nem a melhor confeiteita da cidade me batia, pra eles né.

Se pudesse não comemoraria nenhuma data, a não ser o aniversário da Jéssica e do Hélio.
Dia das mães (tudo bem sou mãe e por isso devo comemorar), mas Dia dos Pais, Páscoa (todo os anos ganhava deles um ovo, uma caixa de bombom), Natal, meu aniversário... a ausência deles se faz muito presente nestas ocasiões.

Minha mãe me ensinou muito, apesar de que grande parte disso eu aprendi depois que ela se foi.
Talvez com sua morte eu tenha conseguido entender muitas coisas.
Valorizada por mim acredito que sempre se sentiu. Teve o episódio de conhecer minha mãe biológica, quando deixei bem claro que entendia a dor dela, mas que nada removia da minha cabeça a idéia de que eles eram MEUS PAIS.
Eles sabiam que eu ia no Centro Espírita, por isso eu dizia que mesmo não tendo nascido da barriga deles, em alguma outra vida nasci. Sei disso. Meus pais são para sempre, ainda os verei.

Muitas vezes sonho com eles, mas é ruim acordar e cair na realidade. Só que nada tira a alegria de estar com eles, mesmo em sonho.

Tenho muita pena das pessoas que não valorizam seus pais.
Que somem.
Que os esquecem em asilos.

Tenho muita saudades dos meus. Quando vejo um velhinho, bem velhinho, sempre penso que é uma pena não ter tido a chance de vê-los envelhecer até eu cuidar deles.

Deus sabe o que faz.

Do jeito que o mundo anda, com tanta violência, desrespeito, descaso com a vida e o ser humano, meus dois anjos de pureza sofreriam demais.

Porque pra mim eles são puros.

Ô saudade da peste!

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