Pós-níver...

Não fiz festa, mas sempre - graças à Deus - alguns dos meus queridos amigos apareceram para me dar parabéns... alguns ligaram... e sempre tem aqueles que erram a data ou se esquecem mesmo.
Também eu não ajudo muito, tenho duas datas de aniversário: dia 20/10 (na certidão) e dia 23/10. O que ocorreu para eu ter sido registrada antes do meu próprio nascimento? Alguém conhece uma história assim? Só comigo...
Na real, nasci no dia 23, com um irmão gêmeo, mas como minha família biológica não tinha condições de me criarem optaram por me dar em adoção para os meus MARAVILHOSOS pais, que por sua vez temendo algum arrependimento da mãe biológica decidiram assim. Não ligo muito pra horóscopo, mas do nada percebi que realmente de libra não tenho nada... sou escorpião puro.
Nunca tive problema em ser adotada. Simplesmente o amor dos meus pais por mim era tão forte e profundo que desde pequena eu sabia e nunca liguei e nem escondi de ninguém. Eu tinha amigas adotadas, umas sabiam, outras não. Eu achava isso péssimo, nunca gostei de mentiras. Apesar disso, a indelicadeza de algumas pessoas avoadas me aborrecia. Quantas vezes tive que ouvir gente me perguntando "nossa, você tão morena e com seus pais tão claros?"... pelo amor de Deus, este tipo de comentário bola-fora não dá mais nos dias de hoje. Dependendo do dia eu respondia um "sou adotada", alguns ficavam sem graça e outros me olhavam com cara de pena. Sim ainda tem gente que consegue ter pena de alguém que tem tanta sorte como eu.
E uma coisa que não gosto é isso, causar pena.
Um dia alguém disse que os filhos adotivos são os mais felizes porque foram escolhidos pelo coração. Verdade que somos escolhidos pelo coração. Mentira que sejamos mais felizes. Quando comento com alguém que ainda quero mais dois filhos, um biológico e outro adotado, muitos me falam que a idéia de adotar nos dias de hoje é péssima, porque fulano adotou e o filho virou isso ou aquilo. Como se filhos biológicos fossem garantia de felicidade. Isso é ignorância, a gente não consegue prever o que um filho será, por mais que a gente os crie com todo amor e carinho, nunca saberemos.
Eu não poderia ter vivido com pais mais perfeitos. Eu soube do meu irmão gêmeo quando fiquei grávida da Jéssica, como comia sem parar, engordei muito, minha mãe começou a se preocupar achando que talvez eu pudesse ter gêmeos. Então ela me contou. Confesso que achei meio doida a história, só caiu a ficha depois de alguns anos, pena que quando fui procurá-lo ele já havia sido assassinado há uns dois anos.
Marcos era seu nome e morreu com 21 anos no dia 25 de dezembro, na Vila Alboite, através de um tiro dado por um guarda portuário, após uma breve briga num bar. Uma coisa estúpida.
Confesso que eu nunca tive vontade de procurá-los, mas quando eu entendi que tinha um irmão gêmeo senti muito desejo de estar com ele. Passei a me compreender melhor, percebi que aquela ferida no meu peito, aquele desassossego sem motivo, aquela rebeldia tinham razão de ser. Querendo ou não a ligação entre gêmeos é muito forte. Ele sempre soube de minha existência e me procurou por todos os lugares, a família não sabia quem tinha me adotado. Uma das frases que ele mais dizia era que queria ter vindo comigo.
Marcos... Marquinhos...

Seria tão bom se isso tivesse ocorrido. Teríamos sido uma família completa e feliz.

Só que a gente não sabe nada da vida, pensamos que sabemos, mas não sabemos. Ele cumpriu sua curta missão na Terra e nós não pudemos nos encontrar sequer uma vez. Minha vida é uma sucessão de fatos supreendentes.

Eu sou surpreendente, consigo superar as dores e sorrir todos os dias para as pessoas que cruzam meu caminho para que elas me mandem isso de volta. Porque quero ter paz e continuar me sentindo feliz pelo que sou, pelas pessoas que tenho em minha vida...

E ainda terei muita coisa pra contar...

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