Quando a gente perde, a gente ganha...




Tem momentos que realmente a vida pesa.
Não venha me dizer que isso só acontece comigo porque ninguém consegue ser feliz 100%, apenas, talvez, Dalai Lama, inclusive ele escreveu um livro sobre isso: F E L I C I D A D E.
Mesmo assim, cá entre nós, acho que nem ele.
Eu me considero pra lá de otimista, principalmente porque me lembro como eu era e como estou.
Tudo bem, nem tinha motivos concretos para ser "a depressiva", mas minh'alma não encontrava sossego.
Eu creio aonde tudo começou, lá em 1972, em algum dia de novembro, quando me separaram do Marcos, meu irmão gêmeo.
Sem saber, porque só me contaram uma parte da história, aliás, compreendo perfeitamente por que, os personagens da Liga da Justiça que eu mais gostava], eram os Irmãos Gêmeos...

Pois é, dá para imaginar o tamanho do rombo que uma separação dessas pode deixar. Junto com mais outras vivências foi a fórmula para se criar uma personalidade complicadíssima.
Nunca me senti diferente por ser adotada, sempre lidei bem com isso pois meus pais eram formidáveis e desde cedo me contaram a história de que não nasci da barriga, mas do coração deles... então, não era um tabu, nem um trauma, aliás, sempre tive certeza de que aquele era meu lugar.
Por isso nunca senti revolta, eu compreendi perfeitamente os motivos que levaram aquela mãe a doar sua filha, mas depois de 18 anos, quando soube do Marcos, após outros anos até digerir a informação, talvez porque fosse uma fase da minha vida aonde não gostava de pensar em nada além do bebê que tinha, não fui imediatamente atrás dele. Pena, ele foi assassinado aos 21 anos e quando resolvi procurá-lo foi tarde demais.
Aí sim...
Soube que ele vivia atrás de mim e que era revoltado por não ter tido a mesma chance que eu, pior ainda, não aceitava terem nos separado.
Esta é uma dor e uma inconformidade que levo escondida.
Tenho que aceitar? Óbvio, mas caio sempre no sonho de que se ele tivesse vindo comigo hoje eu teria um irmão ao meu lado... ai o tempo, ele sempre corre contra mim, digo, repito, nada na minha vida é "bolinho"... 
Por que tantas provações? 
Porque lá na frente algo especial, algo magnífico, espetacular, será que ainda me acontecerá?
Será é um verbo de dúvida, quem tem fé não pode duvidar.
Eu acredito, acredito mesmo, mas sabe, meu coração está cansado de porradas. Algumas eu mesma me dei, outras vem da vida. Estas dão na minha cara, sem dó, nem piedade.
Não tenho medo de nada. Nem de ficar uma idosa solitária, já tenho um plano pra isso também.
Mesmo assim, há uma voz que diz aqui "isso não vai acontecer"...
Não fico mais com pena de mim, porque penso que tudo na vida tem uma razão de ser e acredito que quando seguimos o caminho certo coisas boas chegam.
Mudei muito, bem mais do que poderia esperar, além do que poderia supor, mas ainda assim, há muita coisa para tirar de mim, estes meus defeitos que me apego porque gosto.
Agora não tenho desculpas, preciso vivenciar o programa espiritual cujo qual fui escolhida a tomar conhecimento.
Não dá para viver no escuro depois de achar o interruptor e saber que a lâmpada pode ser acesa, basta querer.
Eu sei que basta querer ser feliz e acreditar. Acredito e quero.
Tenho tanto a agradecer, tão pouco a pedir, sinto-me ingrata quando me deixo levar pelo pessimismo, quando cedo à impotência e à inabilidade em lidar com os fatos da minha vida que nada posso fazer para mudar, apenas aceitá-los.
Hoje, o que mais me traz angústia é a ansiedade em querer que os momentos aconteçam, sejam eles quais forem.
A cirurgia, a viagem, o aumento salarial, a troca de ficha, o momento de sentar com a madrinha e falar sobre o 1º Passo, porque eu necessito começar o 2º... rendida estou, aceito que minha vida estava incontrolável, aliás, só assim pude continuar voltando, a cada reunião...
Tenho uma ansiedade enorme também em poder dividir o amor que sinto em mim, por esta vida que recomeça a cada amanhecer, já cheguei a pensar que nunca soube amar ninguém, mas agora acredito que não, há uma centelha de esperança de que agora sim, tenho certeza que sei quem sou, amo-me desta forma torta mas verdadeira, pura e intensa de ser e sinto... é possível sim!
Não tenho justificativas para nada, porque cada um de nós é o que é e ponto final.
Poucas pessoas tem coragem de se arriscar e correr atrás de uma mudança, mesmo que seja para se arrepender, meu pai dizia "melhor tentar mesmo que dê errado, do que passar a vida toda pensando e se...", pois é pai, mas acho que se estivessem aqui poderiam ter dito que estava na cara que aquilo não daria certo.
Só que, analisando friamente e cruamente, sem sentimentalismos e paradoxos idiotas, sem a moralidade hipócrita da sociedade demagoga, deu errado para quem?
Para mim? Hoje, após 1 ano e 1 mês limpa?
Após o nascimento de uma vida tão linda?
Negativo, deu tudo certo, tinha que ser assim, Deus escreve certo por linhas tortas...

A vida segue seu curso, tudo provavelmente está encaixado em seu devido lugar.

De alguma forma, vai chegar até mim... ou já chegou!
Vou acreditar, vou atrás, vou buscar o que creio ser melhor, nenhuma barreira vai me impedir, nenhum muro será tão alto que seja intransponível, nenhuma pedra por mais que me faça tropeçar irá me manter no chão ou me fazer desistir.
Estes momentos de tristeza apenas servem para eu valorizar todos os outros em que me sinto muito feliz, apenas por existir e acreditar...
SOU FELIZ SIM.
Sou grata.

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