Sábado, dia 31, minha filha – única - completará 18 anos. Lembro como se fosse ontem quando engravidei.
Não foi nada planejado e tinha 17 anos apenas.
A princípio fiquei desesperada, pensei em fazer aborto.
Eu era muito imatura, nem havia concluído o 3º ano e minha relação com o pai dela já havia terminado. Ainda por cima, minha mãe sempre dizia que se eu engravidasse meu pai morreria...
Um dia, estávamos eu e meu primo Maurício tomando café, quando minha mãe veio nos dizer que havia sonhado que eu estava grávida... nem olhei pra cara dele pra não dar bandeira, em compensação ele se afogou com o café! Bem discreto...
No fim ela descobriu quando eu estava de 3 meses, contou para o meu pai e ninguém me passou sermão, nada. Lembro que passava TV Pirata quando ela me deu uma prensa e conseguiu arrancar a verdade de mim. Foi até o quarto e contou para o meu pai.

No dia seguinte, acordei no horário normal para ir pro colégio e esperando que ele me dissesse algo a respeito. Pensei que brigaria comigo, sei lá. Nós sempre tomávamos café juntos, pois sempre pegava carona com ele. A gente não conversava quase nada neste horário. Nesse dia, lembro que meu pai puxou vários assuntos comigo, mas sem falar nada sobre minha gravidez. Não precisou, senti que era a forma dele me apoiar. Na real ele tinha vergonha de falar estes assuntos comigo... rsrs

Com o apoio deles tomei a decisão mais importante de toda minha vida: tive a Jéssica.

Tudo ficou maravilhoso depois que eles descobriram e aceitaram.
Para ambos que nunca tiveram a oportunidade de viver uma gestação, acompanhar minha barriga crescendo e cuidar dos preparativos foi um bálsamo de alegria em suas vidas. Sempre digo que a Jéssica veio para dar sentido à vida deles... à minha nem preciso dizer...
Lembro que comecei a sentir as primeiras dores de madrugada, por volta de 3 horas. Fui duas vezes seguida no bwc e na segunda a mãe já estava na porta perguntando se estava tudo bem... imagine a expectativa...
Fiquei mais de 10 horas em trabalho de parto, até hoje me pergunto como ninguém percebeu durante o pré-natal que a Jéssica tinha 51 cm e 4, 870g???
Ela entalou e foi tirada a fórceps. Nasceu pelas mãos do doutor Moisés Paciornick, que recentemente nos deixou.
Nasceu linda, não tinha aquela carinha de joelho típica dos recém-nascidos.
Era um dia muito quente em Curitiba.
Aconteceu uma coisa engraçada até, minha mãe dormiu comigo no quarto, até porque lá as crianças ficam com a mãe desde o primeiro dia. De noite entrou uma barata enorme no quarto, eu saí me arrastando da cama, pois ainda estava sob efeito de anestesia, com aquela camisola aberta atrás, enrolada nos lençóis... e minha mãe quase matou de susto as enfermeiras quando apareceu correndo pelo corredor com a bebê no colo pedindo socoooooooorro!!!
Tudo por causa de uma barata gigante...


O nascimento da minha filha trouxe muitas lembranças boas aos meus pais, do tempo em que éramos pequenos.
Realmente Deus sabe o que faz, não seria a mesma coisa se eu fosse casada e apenas os visitasse. Meus pais tinham esta missão comigo.
Sinto muita alegria quando penso que eu dei a felicidade deles serem avós.

Eu posso não ser a mãe mais perfeita do mundo, sei que tenho defeitos e limitações, mas uma coisa eu nunca faria: ABANDONÁ-LA. Tem tanta gente que abandona seus filhos, não concordo com isso... a mãe tem que estar do lado do filho... para o que der e vier... sendo ele do jeito que for... a Jéssica é meu alicerce de sustentação. Não seria capaz de deixá-la passando vontade de algo que eu posso lhe dar... filho é um pedaço da gente...

Um alento, uma esperança!

Ter a Jéssica em minha vida também foi muito importante. Claro, minha adolescência mudou um pouco, pois tinha responsabilidades e preocupações que outras da minha idade nem imaginavam, mas confesso que nunca me arrependi.
Sei que cometi erros, afinal, era nova e não tinha noção de muitas coisas que hoje tenho.
Como sempre fui depressiva, passei minha adolescência toda pensando em morte. Agora vejo o quanto era estúpida, mas antes não conseguia me distanciar do problema e enxergar a vida como vejo hoje.
Já falei em outro texto sobre a separação que tive do meu irmão gêmeo ao nascer. Certamente este fato me marcou.

Ter a Jéssica tão nova fez com que eu parasse de pensar tanto em morrer.
Sempre tive pavor de pensar que meus pais morreriam, por isso também sempre quis ir antes, mas quando a Jéssica nasceu, despertou em mim a maternidade e não queria que ela passasse pelo trauma de me perder. Parei de pensar em morte e me foquei na vida.

Nunca tive nada pra reclamar dela. Desde cedo sempre se mostrou responsável e correta. Nunca precisei me preocupar em ficar vendo se ela fazia tarefa ou não. Nem precisava mandá-la estudar para provas. Engraçado que foi ela quem me acostumou a isso, mas algumas vezes jogou na minha cara que eu não me interessava, mas não era assim, apenas sabia que ela dava conta.
Sempre me orgulhei muito da minha filha.

Hoje ela ta vivendo uma fase chata, difícil. Percebo que também está meio distante de mim, mas acho que é normal nesta idade. Tem uma fase que nossos amigos são tudo, nosso namorado essencial... não ligamos muito pros nossos pais...

São ciclos...

E ainda desejo pra ela o mesmo que há 18 anos atrás: FELICIDADE.
Se ela for feliz também serei...

Te amo filha, você é muito importante e meu maior orgulho!

Comentários

Anônimo disse…
Obrigada mãe, apesar de distantes eu te amo muito.Obrigada por tudo.

Postagens mais visitadas deste blog

A morte...

Quem tem boca fala o que quer pra ter nome...

Marcelo Dourado, o vencedor do Big Brother Brasil 10?