A morte...






Um dia entrei no quarto do meu pai e ele me disse que estava refletindo sobre a morte. Havia chego a conclusão de que a vida não deveria acabar depois que partimos, que deveria haver sim uma continuação como acreditavam os espíritas. Conversamos um pouco sobre isso, pois eu tenho esta visão espírita da vida e fiz algumas considerações a este respeito.
Obviamente ele pensava em minha mãe... com quem foi se econtrar alguns meses após esta nossa conversa.

A morte sempre foi um assunto que despertou minha curiosidade.
Tenho a maldita curiosidade mórbida, por isso estou numa comunidade no orkut intitulada PGM (Profiles de Gente Morta).
Não é uma obssessão, às vezes fico dias sem entrar lá.
Eu reflito em cima dos casos, alguns se acidentam, outros perdem a batalha contra câncer, outros simplesmente se matam. Muitos parecem até prever o fim. Mesmo aqueles que falecem acidentalmente.

A morte... desde sexta-feira estou com um nó na garganta e um sentimento de incredulidade. Aliás, não só eu, mas a cidade ainda está em choque.
Este rapaz da foto, Fabiano Bornancin, estupidamente perdeu a vida quando uma motorista desatenta cruzou sua frente numa preferencial.
Foi o fim de tantos sonhos, de tantos planos.
Tinha 27 anos, uma nenê de 2 meses... mudaria no sábado para um novo apartamento. Os amigos iriam inaugurá-lo assistindo ao jogo do Flamengo.

Não conhecia o Fabiano, mas eu o via sempre, pois morava aqui perto e meu vizinho era seu amigo. O Hélio também era... sempre que ele passava e o via berrava "Héééélio"... sempre...

Talvez porque vivo a dor de ter perdido meus pais, consigo mensurar o tamanho da dor da sua família.
Conversava muito com seu pai quando eu trabalhava no gabinete do vice-prefeito. Homem bom, íntegro, trabalhador. Junto com sua esposa tiveram 4 filhos. Desconfio, mas não tenho certeza, que o Fabiano fosse o mais novo.

Fabiano teve câncer na mesma época que eu. Também conseguiu derrotar esta maldita doença. Algumas vezes pensava que um dia poderíamos trocar "figurinhas" sobre nosso tratamento. Nunca tivemos a oportunidade.

Fico pensando como a vida pode ser estúpida. Cruel.
Queria muito ter o poder de devolver a vida a ele. Um rapaz jovem, trabalhador, bonito, que segundo todos era uma ótima pessoa, bem humorado, brincalhão, querido, simpático.

Foi embora... numa sexta-feira 13... acelerou pela última vez sua HARLEY-DAVIDSON, foi traído pelo erro de outro motorista.
Mesmo caído no chão e com a perna muito machucada, pediu para uma amiga avisar seu irmão André, mas que este tivesse o cuidado de não assustar seus pais...pobrezinho... bom filho...

Levado com vida ao hospital,não resistiu, a pancada foi muito forte.
Infelizmente, amava velocidade, não estava devagar... não mesmo...

Criado no meio de motos, pois seu pai tem uma conhecida loja, como muitos, pensava que estava imune a fatalidades. Aliás, acho que não pensava muito nisso, curtia sua vida, vivia intensamente cada momento.
Acredito sinceramente, que o nascimento da sua filhinha fez com que acendesse uma luz dentro dele. Talvez por isso estivesse vendendo a moto.
Uma pena que não conseguiu se livrar dela a tempo de evitar o acidente.

Como deve estar sua esposa? Seus pais e irmãos? Seus amigos? Como, meu Deus, superar esta tristeza?
Só acreditando que a morte não é o fim de tudo.
Fabiano, como meus pais, não morreu.
Vivem dentro dos corações das pessoas que ficaram aqui, pois é através deste amor que a esperança de um reencontro se fortalece.

Fabiano vive sim... viverá em outra dimensão... em outro plano, longe dos nossos olhos.

A morte não é o fim, não é... não pode ser.
É apenas um estado do corpo.
A alma vive, os pensamentos, as idéias, os conceitos, o exemplo da vida de quem se foi não se apaga... nem se acaba.
Nós é que somos muito apegados à matéria.

Não podemos acreditar apenas no que vemos, no que tocamos, mas no que sentimos.
O amor que alimentamos mantém vivos aqueles entes queridos que se foram.
Através de orações podemos ajudá-los a encontrar a paz...

Dói... em certos momentos bate um enorme desespero... sei como é... sinto.
Porque é cruel demais imaginar que viveremos sem nunca mais os vê-los, sem nunca mais ouvi-los, sem nunca mais tocá-los.
Então bate aquela indignação...

Por quê Deus? Por quê?????
Difícil não chorar, difícil não se revoltar.
Tenhamos fé. Rezemos. Peçamos à Deus que não nos desampare e que console nossos corações.

Nestes momentos penso nos pais dele... então me pergunto, como uma mãe que levou um filho 9 meses no útero consegue sobreviver a isto?
Só sendo tendo muita fé em Deus Pai e acreditar que Ele não dá pra ninguém um fardo maior do que cada um pode suportar.
A família Bornancin é grande, unida, tem várias crianças... a ausência dele será sentida para sempre a cada reunião, a cada momento.
Tenho fé no amor dos filhos que ficaram, dos netos... eles vão reerguer estes pais. Vão sim...

Graças à Deus que ficou esta bonequinha linda, que por sinal é a cara dele.
Esta sementinha vai crescer tão amada, pois tem como missão dar alegria e esperanças à esta família...e à sua mamãe... uma jovem viúva.

A vida é muito estúpida, mas não vamos perder a fé. Porque se perdermos a fé não nos sobra nada.




O Fabiano vive... tenho certeza que sim.

Assim como meus pais.

E um dia, Deus nos dará a oportunidade de estarmos todos juntos.

Que Deus console o coração da família Bornancin, pois eu, do meu humilde cantinho faço a única coisa que me resta fazer por eles: pedir para que o anjo da guarda de cada um interceda em suas vidas e cicatrize esta ferida.

Ele está bem melhor que nós... com certeza!

Comentários

Anônimo disse…
Olá,
Meu nome é Alexandre, sou primo-irmão do Fabiano.
Realmente suas palavras tocam o coração.
Fabiano era assim mesmo, um guri brincalhão, alegre, animava a todos em sua volta.
Era apaixonado pelas motos, por praia (adora surfar).
Com a chegada de sua filinha Isadora, sua vida começou a ter mais um significado. Ele era totalmente apaixonado e louco por sua filinha.
Mas com certeza ele estará eternamente em nossos corações e pensamentos.
Fabiano meu primo, vá em paz e fique com Deus.
Anônimo disse…
Ro...
a perda é uma dor imensurável...
mas com o tempo muda a intensidade , as sensações ... a dor da perda sempre teremos....sempre... relmente pensar que não vamos ver, ouvir , tocar a pessoa é de pirar qualquer pessoa...mas temos que pensar tbm que a morte é um fato, que nada podemos fazer a não ser chorar, sentir saudades e rezar... cada um tem um tempo aqui ... o que posso dizer depois de passar por 3 perdas seguidas é que hj a dor é diferente... é uma saudade e uma paz qdo penso neles (meus pais e meu sobrinho).
rezarei por esta familia, amigos e pelo Fabiano .... que Deus possa confortar estas pessoas ...
bjos no coração.
Tan
Unknown disse…
Oi Roseane.
O Fabiano era um cara ímpar ... vivia cada momento intensamente, sempre levando alegria por onde passava, e contagiando a todos com suas brincadeiras e "pegadinhas". Um coração sem tamanho ... um sorriso iluminado.
Nossas crianças ganharam um anjo da guarda, que com certeza estará olhando por elas e por todos nós, onde quer que esteja.
'Tô' (meu filho o chamava assim), que você encontre a sua Luz e siga em Paz pelo seu caminho!

Cristiano (Cristal)
Anônimo disse…
Olá! Suas palavras tocaram meu coração triste e ainda incrédulo!? O Fabiano?! Como? Foi a minha reação; morei por cinco anos em Paranaguá e tive como presente de vida a amizade da família; hoje no Recife fiquei sabendo... lógico liguei o fato à doença! O Fabiano foi um escolhido e agora novamente pedir que Deus conforte o todos os corações, corações onde eternamente o Fabiano viverá!
Nossa adorei como você escreve... Foi de arrepiar...
Gostaria de copiar esse seu post no meu blog, poderia ser?
http://burrochora.blogspot.com/
meu email é feijoana@ig.com.br

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