Confraternizações... apenas um conto.



Desde pequena ela adorava quando chegava o fim do ano, era o momento em que dizia adeus ao colégio e podia aproveitar a vida do jeito que gostava. Havia uma certa magia no ar, um clima de confraternização entre as pessoas. A cidade ficava mais bonita com as luzes de Natal que invadiam ruas, casas e lojas. Nesta época costumava receber um casal de primos que tinham quase mesma idade e com eles eram só momentos de felicidade. Brincavam, passeavam com seus pais, aprontavam todas as "artes" do mundo... ficavam horas na piscina... de plástico, diga-se de passagem... eram uma turminha bem unida.
Adoravam escrever as músicas natalinas para depois cantar pra família, ainda que cheios de vergonha...
A ceia era sempre deliciosa, animada, todos ganhavam presentes... todos eram muito felizes juntos...

Depois que cresceu, ela continuou a sentir a mesma alegria, apesar de que a família estava mais afastada, mas pelo menos com seus pais e irmãos ela ainda podia contar. Logo vieram outras gerações. Isso fez com que a casa, até então composta só adultos, volta-se a alimentar a magia do Natal... já um pouco esquecida... não que eles não comemorassem mais, mas uma casa aonde não há criança no Natal não tem o mesmo brilho daquela que tem.

E ela sempre gostou de estar com sua família. Talvez por isso ela sempre esteja preparando encontros e reuniões com amigos. Já perdeu a conta de quantas vezes preparou festas surpresas. Isso lhe dá muito prazer, poder surpreender alguém de maneira positiva. Como foi uma pessoa muito bem amada, procura distribuir amor aos outros...

Mesmo tendo uma postura não muito simpática, é uma mulher muito sensível e até certo ponto ingênua... até hoje ainda caí no papo de gente que não é sincera. tem um grande coração com certeza... mas guarda algumas mágoas dentro dele que só o tempo poderá cicatrizar.

Recentemente recebeu um convite para participar de uma confraternização com seus amigos de trabalho. Preparou-se, escolheu um presente com muito carinho, imaginou que se emocionaria, pois anda assim, meio "manteiga derretida"... mas ao chegar, percebeu que tinham esquecido que confirmara presença, alguém disse que tentou ligar, mas foi muito vago.

A coitada não percebeu logo de cara o que estava havendo, sentiu um clima de constrangimento terrível no ar, mas só foi compreendendo quando ao deixar seu pacote na mesa aonde deveriam estar os outros, viu alguns embrulhos abertos. Foi então que teve a certeza de que sua presença não era INDISPENSÁVEL. Muito pelo contrário, nem os que diziam seus amigos puderam lhe telefonar, ou mesmo ir até sua casa que ficava há menos de 5 quadras dali.

Sua dor, tristeza e humilhação foram absolutamente terríveis. Nestas horas não dá para rebobinar a "fita" e sair de fininho... nem abrir um buraco no chão e meter a cabeça... a coitada permaneceu ali, ignorada por quase todos, olhando para suas unhas e torcendo para o telefone tocar e ela ter uma desculpa pra sair dali.

Injustiça, ingratidão. Foi isso o que sentiu, mas não pode dizer.
Ouviu um sincero pedido de perdão, mas não era a primeira vez que a esqueciam. Claro que ela pedoará, mas certamente a confiança não seria a mesma. Logo ela que na adolescência já sofria com amigas que leh davam o cano. Na verdade, ela era muito amada mas sempre teve medo da rejeição.

Ela ainda chora quando lembra do que aconteceu. Não quer mais participar de confraternizações e percebe que nem todo mundo merece sua amizade fiel e sincera. Parece que está aprendendo...

Quanto ao Natal está de novo dividida... torce para que logo tenha uma criança em casa para comprar uma linda árvore e enfeitá-la...




Uma história verídica.

Comentários

**Enise** disse…
Rô,eu amo seu blog,e sempre que leio te adimiro mais ainda,e essa sua história como eu sei é real,porém triste,mas avida é assim mesmo,vivendo e aprendendo!
Amo seu blog!

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