Então é Natal...




As horas estão passando e logo mais à noite é hora da ceia de Natal.
Devagar aquela tristeza, aquele aperto no coração vai tomando conta do meu ser, não há como evitar. Posso até minimizar as coisas e ser bem fria, pensando que hoje é apenas uma noite como outra qualquer, mas com um jantar mais caprichado.
Só que não é.
É especial, as pessoas se unem aos seus familiares para comemorar.
Para mim e para a Jéssica é uma noite vazia, triste, amarga. Não vamos fazer ceia aqui, não há ânimo para isso, pelo menos não ainda... pra dizer a verdade, talvez nem juntas estaremos. Cada uma numa família, que podem não ser estranhos, mas não são nossos familiares, e, mesmo que fossem, o vazio da ausência é muito forte.
O pai e a mãe da gente são insubstituíveis.
Para eles nós somos essenciais, indispensáveis, assim como são para nós.

Lembro como se fosse ontem do cheirinho do peru invadindo a casa, da correria com presentes... da satisfação de ambos por nos reunirem.
Confesso, sem medo de ser mal-interpretada, tenho inveja das pessoas que hoje estarão com a família completa.
Sinto-me carente de “pais”, por isso me dói tanto ver as famílias completas, podendo beijar e abraçar uns aos outros.
Na real, acho que não é inveja, mas saudade de me sentir completa, amada e de ter um espaço para ocupar... como filha...

Sei que de onde estão ambos olham por nós e sentem nossa tristeza.
Nenhum local será agradável o suficiente para me fazer esquecer um pouco esta dor.

Agradeço muito à Deus por ter vivido ao lado deles.

Certa vez, quando eu ainda era adolescente, recebi um convite para passar as festas de fim de ano no Rio de Janeiro, em Copacabana. Não ia gastar nada.
Não fui, embora meus pais me apoiassem, por não querer passar o Natal sem ambos. Isso sempre foi importante pra mim. Nossa união.

E o pensamento é uma coisa louca mesmo. Por mais que me sinta realizada neste momento, porque sei que tenho mil motivos pra sorrir, aquela lembrança deles mortos, ainda está aqui dentro. Há momentos que do nada revivo aquele instante, quando ambos me deixaram.

Revezam-se dentro de mim estas lembranças tristes com outras alegres.
Não tem como fugir, é um trauma para a vida toda.

Se hoje Deus me desse a chance de pedir algo, pediria a chance de encontrar meus pais, para abraçá-los e beijá-los...

Não quero contaminar com tristeza as pessoas que me cercarão esta noite...
Só me reservarei o direito de chorar quando não agüentar mais segurar esta bola que toma conta do meu peito...

Não... meu Natal não será feliz este ano. Ainda é cedo para isso, muito cedo.

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