Último sábado de 2008...




E o ano vai se acabando aos poucos, de forma lenta e tranqüila, graças à Deus...
2007 e 2008 foram os piores anos da minha vida.
Quando adoeci em 2006, apesar do susto, angústia e medo, senti o calor do amor da minha família toda, encontrei forças no carinho do Hélio, na inocência da Jéssica e no amor incondicional dos meus pais.
Lembro quando cheguei da primeira quimioterapia, super enjoada, cansada. Estava arrasada emocionalmente, pois sempre fui medrosa, tinha e tenho horror à injeção, ter que enfiar uma agulha na mão para a enfermeira administrar toda a medicação (11 seringas de variados tamamnhos e sensações) foi simplesmente HORRÍVEL, CHEGUEI A DESMAIAR DE TÃO NERVOSA E ANSIOSA... com o tempo -foram 8 sessões a cada 21 dias - você até se acostuma, mas aquele 'medinho" da hora da picada estava sempre presente.
Bem, voltando, quando cheguei da 1ª sessão vim direto para casa dos meus pais. Lembro como se fosse hoje dos olhos sofridos da minha mãe, com toda angústia e tristeza que só as mães sentem quandos sofrem por seus filhos. Deitei direto em sua cama - hummm... cama dos pais - e fiquei descansando até o almoço ficar pronto. Lembro que até dormi um pouco, depois almocei um bife feito com todo o carinho e cuidado. E os dois me cercando com pensamentos bons, fé e esperança.
Durante meu tratamento eu só pensava, ou tentava, pensar em coisas boas.
Muitas vezes foi tranqüilo, mas tenho uma bola na mão por causa de um mau enfermeiro.

Foi fácil passar mal e ter a mãe e o pai pra me socorrer, além do marido e da filha, lógico. Foi um fardo dividido por todos.
Também encontrei muita alegria junto ao José (foto), que tinha menos de 2 aninhos e vivia me chamando da sacada..."tia RôÔÔÔ!"... hoje com 4 ele não pode me ver que já pede pra Sandy "posso ir na casa da tia Rô?"... eu adoro estes anjinhos e ter este perto de mim foi fundamental naqueles dias.

Meus pais... era especiais... que saudades!

Quando minha mãe faleceu, estava feliz, tinha esperança que recebendo alta e cuidando da alimentação com mais rigor, sua saúde não a incomodaria. A última vez que a vi estava hiper animada, internada ainda, mas com glicose controlada. Conversamos bastante, tinha ajudado a paciente do leito ao lado durante a noite. Estava condoída com a história dela. A mãe era assim, extremamente boa e preocupada com as pessoas. Que ser humano fantástico foi a dona Rose.

A morte do pai foi mais triste, embora que pela mesma causa: enfarto. O pai, viúvo, ficou muito mais triste e amargo. Ele lutava um pouco para não deixar transparecer tanta desesperança, até porque a gente dava uma bronquinhas nele para ver se percebia as coisas boas da vida. Não era fácil, sem a mãe a vida dele perdeu o sentido. Eu fui muito companheira dele nos seus útlimos 15 meses sem ela, íamos a Curitiba, às praias... eu pegava muitos filmes pra ele, que chegava a assistir 4 seguidos. Por mais que eu me esforçasse, não tinha como preencher o vazio da mãe.
Senti muita pena do pai, as pessoas que poderiam ajudá-lo, viraram-lhe as costas e isso o magoava, ppois se sentia desvalorizado.
O padre Sérgio, da Difusora, teve grande parcela de responsabilidade na morte do meu pai.
Assim como o meu sócio, o outro herdeiro. Este maldito abandonou meu pai. Não atendia seus telefonemas, não o procurava, além disso, deixou-o falando sozinho no posto de gasolina. Porém, antes da missa de uma semana ele correu nos bancos para bloquear as contas antes que eu mexesse.
Ele é frio, insensível e desumano.

Juntando todos estes fatores posso garantir que meu pai querido morreu de tristeza.

Sinto tanto sua falta, só Deus sabe. É que eu acabei cuidando dele, então me acostumei a pensar nele como meu dependente.
Ainda sinto aquele ímpeto quando vejo uma bolacha que sei que levaria para ele. Quando abriu uma panificadora aqui perto pensei na hora em como ele ia adorar tudo... a gente adorava doce. Lembro dele com um pratinho na mão e duas bombas, parado em frente a loja para me entregar.
Doce era ele...
Com ciúmes, a Jé reclamou e ele passou a trazer pra ela também.

Estas lembranças nos dilaceram por dentro... de tanta saudades...mas é o que nos conforta...

Nesta época do ano lembro quando ainda éramos novinhos, 10, 11 anos... e íamos para a praia sempre depois do Natal, para só retornarmos um dia antes das aulas. Eu adorava chegar em casa e sentir aquele cheiro de casa fechada, parecia tudo novo, coisas de criança...
Meu pai vinha trabalhar e voltava todos os dias, isso em Caiobá, antes da rodovia Alexandra-Matinhos.
Não era sensacional esta união? E como eram bons aqueles dias, íamos à praia, comíamos lá mesmo... era tudo perfeito.

Ando tão nostálgica, mas dá para entender. O Hélio tem sentido, percebo como tem estado bem mais carinhoso.

Não é fácil, mas quero entrar em 2009 com muita fé e esperança. Sei que minha vida vai mudar radicalmente em muitos aspectos, mas acredito que meu caminho está se abrindo e daqui para frente as coisas vão melhor muito.

Tem muita coisa em mim que quero mudar, sentimentos que não quero cultivar, lembranças tristes que quero espantar...


ESPERANÇA É TUDO O QUE TENHO!

ESPERANÇA QUE TUDO IRÁ MELHORAR... E PRA TODOS NÓS!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A morte...

Quem tem boca fala o que quer pra ter nome...

Marcelo Dourado, o vencedor do Big Brother Brasil 10?